sexta-feira, 31 de outubro de 2014

"Tradições"?






Ah, e é mais uma tradição importada.
Ah, e é tudo comercial.
Ah, e já não fazemos nada nosso.
Ah, e vamos continuar fechadinhos e ignorar a época em que vivemos.

Leiam Eric Hobsbawm que isso passa.

Feliz Noite das Bruxas e delicioso Pão por Deus.
 

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Sou desinteligente

Cada vez mais dou comigo a pensar que os meus neurónios começaram a envelhecer a um ritmo avassalador e que não compreendo o que leio ou ouço. Ontem à noite, tornei a sentir o mesmo ao ler que a "revista Análise Social foi suspensa terça-feira pelo diretor do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, José Luís Cardoso, por conter um ensaio visual com «linguagem ofensiva»"(http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/ics/revista-analise-social-suspensa-devido-a-linguagem-ofensiva).
No início ainda pensei que era boca do Inimigo Público e tentei compreender a piada. Li o texto na íntegra e então percebi que estava perante uma atitude demasiado magnânima e generosa para que conseguisse compreendê-la na totalidade. Trata-se, nas palavras de quem tomou a decisão, de "garantir uma imagem de dignidade […] Estou seguro da bondade desta decisão, que não representa qualquer ato de privação de liberdade»". Estou bem mais descansada, feliz e tudo, e tudo, e tudo, como diz a minha amiga Sofia N.
O motivo para o gesto salvador não resulta de uma eventual falta de qualidade do ensaio do Ricardo Campos, mas do corpus sobre o qual desrespeitosamente o meu colega ousou escrever. Mau, mau, Maria!
O que é que aprendo com isto? Que há temas estudáveis e problematizáveis e há, também, os que representam uma falta de respeito tão, mas tão grande que serão sempre tabus. E se em vez de "caralho", um dos murais tivesse "pilinha" ou "pirilau"? E se...? E se...? E se...? Ou será que o problema disto tudo passa pelos destinatários do que foi grafitado?
Pela parte que me toca, considero seriamente usar uma das imagens indicadas pelo Ricardo como slide  final de uma comunicação que estou a preparar para apresentar em Novembro. Espero que me atirem tomates para poder levar para casa para o M. comer. Parece que faz bem à próstata - oops, próstata lembra outras coisas, será que posso dizer?



terça-feira, 21 de outubro de 2014

Resolver vs. remendar

Ouvi há pouco na rádio que, na próxima semana, ficará resolvida a questão da colocação de professores. Não, meus senhores,  a questão não ficará resolvida. A situação poderá eventualmente ser remendada ou remediada. Não se corrige o que não foi feito, ou que foi mal feito, na prática durante seis ou sete semanas. Não se apaga preocupações, incertezas, gastos e investimentos. Não se recupera os dias que os alunos, docentes e encarregados de educação foram forçados a desperdiçar e a improvisar,  e que já não irão recuperar. Isto não é "resolver"; isto é remediar ou remendar. No próximo ano será igual. Na justiça,  também. E na maior parte dos nossos locais de trabalho. E em muitas vidas.
Parece-me que vivemos na época do remedeio,  há já algum tempo. 

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Malala e o final de mais uma semana a pensar no mesmo

Esta miúda tem carisma,  caramba, que carisma.





O motivo por que recebeu o Prémio Nobel da Paz chocou em grande com mais uma semana em que passei muitas horas a pensar no significado de ser professor hoje em dia, no que vale e no que já não vale a pena, e no desencanto.

domingo, 7 de setembro de 2014

Rimas Falsas

Creio que nunca escrevi acerca do título do meu blogue. Se calhar porque nem eu própria entendia na totalidade o que pretendia com isto e, assim, a razão do nome era mais difícil de entender e, consequentemente,  de explicar. 
Na última publicação falei em mudanças. Fiquei a matutar nisso e a epifania acerca das "Rimas Falsas" aconteceu. Acho que "Rimas Falsas" são como que um mantra que criei para que me recorde, com a frequência necessária,  que o que parece não tem de ser e que o real de agora é,  antes, uma hipótese de uma mudança a caminho de rimas que sejam verdadeiras e felizes.
Se uma metade de mim encontrou a rima perfeita e rica, a outra, com medo, ensaia-a e planeia-a cada vez com mais certeza e empenho.






sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Covent Garden e mudanças





Covent Garden.
I could live here.
 
 
[@ Covent Garden, ontem]
 
 
Da próxima vez, não esquecer de trazer um dos milhares de cadernos ou blocos que coleciono e, igualmente importante, não o arrumar no fundo da mala.
Depois de encontrar o Júlio Isidro por aqui e de me ter desfeito em lágrimas quando ouvia um concerto de cordas, pensei que I could live here (pensei em inglês, claro!). Não me refiro propriamente à "motivação Júlio Isidoro", nem à cidade de Londres. Pensei apenas que podia viver em Covent Garden. Creio que poderia ser feliz aqui, numa das lojas do mercado.
Ando para cá e para lá, há cerca de uma hora, a arrastar uma mala, a ver todas estas montras que me lembram sempre o brilho do Natal, a repetir, feliz, corredores, arcos e escadas. Sempre a arrastar a mala, mas acabo por reparar que não sou a única. Provavelmente, todos os outros que por aqui arrastam malas são meus potenciais vizinhos.
Enxugada a enxurrada lacrimal, sento-me, observo e dou de caras com uma colega do Porto, a F. Afinal já tenho vizinhos e referências por aqui. Este sentimento (forçado) de vizinhança dá consistência à minha vontade de ocupar a minha loja apesar de estar frio e de saber que em Lisboa há calor.
Talvez sejam o cansado e a ansiedade do regresso que, de novo, me fazem crer que, com o M. por cá, tudo estaria bem e assentaria por aqui.
A mudança está a preparar-se. Tanto, tanto para e por fazer e já resta tão pouco tempo.
 
 
[@ Lisboa, hoje]
Depois de rever o rio, ao almoço, a minha vontade amoleceu com o calor português.
Mas continuo a caminhar para a mudança e a não querer perder muito do que quero e para o que já não tenho assim tanto tempo.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Not to be

E continuamos a fingir seguir em frente, escondendo-nos nas margens.  Insistimos em verbalizar vontades e intenções das quais descremos. Nós e os que nos acompanham nessas representações de falsos planos.
O mistério da partilha e da comunhão da mentira.